Inicialmente, era um anexo da casa, instalado no quintal. Depois adentrou a área doméstica, mas continuou estritamente utilitário. Com o tempo, porém, o banheiro foi conquistando espaço e acumulando funções. “Dizem os estudiosos que, com a era da informática, o único lugar onde permanecemos a sós é o banheiro. Por isso, a tendência é transformá-los em salas de banho, espaços íntimos e acolhedores”, afirma a arquiteta Cris Paola.
Revestimentos resistentes a riscos, manchas e abrasão, bacias sanitárias suspensas, caixas de descargas embutidas, ralos invisíveis e lineares, misturadores monocomando para bancadas, chuveiros e bidês são as principais novidades apontadas pelos arquitetos. Para melhorar o conforto térmico, termostatos e sistemas de aquecimento de piso têm sido cada vez mais empregados. Na área de banho, as banheiras voltam a ser tendência, assim como espelhos com desembaçadores e nichos nos boxes executados na própria alvenaria.

“O banheiro é um dos cômodos mais caros de construir ou reformar, devido à grande quantidade de instalações elétricas e hidráulicas, revestimentos e técnicas empregadas. Por isso, o projeto deve ser bem-executado e levar em conta a compatibilização de todos esses itens”, alerta a arquiteta Vivian Coser.
DIMENSÕES E CONFORTO
Em um projeto concebido do zero, é necessário avaliar localização no terreno, acessos e adequação às prumadas de água. Se o projeto for em um cômodo já edificado, ou uma reforma, o trabalho deve levar em conta a limitação de área e o estado das instalações. “É quando sabemos o tamanho da obra”, esclarece Cris Paola.
Mesmo que a área destinada para as instalações seja pequena, é fundamental garantir a circulação. Bancada ou vaso sanitário, por exemplo, não podem ser um obstáculo a caminho do chuveiro. Pias e cubas devem ser compatíveis. “Deve-se tomar cuidado com o dimensionamento de cada elemento. Existem espaços mínimos a serem respeitados, por segurança e conforto do usuário. O boxe, por exemplo, não deve ter medida menor que 80 cm”, explica Vivian. Em termos de acessibilidade, projetos para idosos, crianças e portadores de deficiência apresentam particularidades, como necessidade de barras de apoio e ajuste da altura das pias.
Conforto térmico e acústico não pode ser deixado de lado. Em casos de banheiros localizados em fachadas que sofrem com insolação, protetores térmicos são uma alternativa, e as esquadrias precisam vedar bem o ambiente, impedindo trocas de calor indesejáveis. Para o isolamento acústico, necessário principalmente em lavabos e áreas sociais da casa, podem ser utilizados acabamentos acústicos, como envelopamento de tubulações e mantas antirruído. A ventilação é outro aspecto importante. “Quando não for possível a ventilação natural, é necessário aplicar exaustores”, lembra Vivian.
ATENÇÃO À UMIDADE
A etapa de impermeabilização deve estar entre as prioridades no projeto e execução da obra. Esse é um dos pontos que, se mal-executado, mais costuma trazer problemas no futuro, com manutenções custosas. “Deve-se investir na contratação de mão de obra qualificada, em um impermeabilizante de qualidade e garantir que cada etapa seja realizada no tempo certo. Outra dica é impermeabilizar as paredes pelo menos até a altura de 1 m do chão”, aconselha Vivian. Em reformas é recomendado que a impermeabilização seja refeita, pois a retirada do piso pode danificá-la.
Os revestimentos andam junto com a umidade do ambiente, e têm também a função de garantir a segurança do usuário. “As duas questões são segurança e manutenção. Pisos polidos representam risco de queda e pedem acabamento antiderrapante. O mármore também deve ser tratado para evitar manchas, pois é sensível a produtos de limpeza”, pontua André Leite, do escritório Ximenes Leite. Materiais como cerâmica, pastilhas e porcelanatos são boas soluções.
Os pontos de distribuição de água quente devem ser de cobre revestido e percorrer o caminho mais curto possível, para melhorar as condições de aquecimento. “Em casas, é necessário verificar onde está o aquecedor. Nos prédios atuais temos os shafts de hidráulica, então é necessário obedecer a colocação das instalações nas prumadas determinadas. Isso evita quebradeira caso haja algum vazamento”, recomenda Cris Paola.
A escolha dos metais está ligada ao orçamento disponível, já que o preço varia em função da qualidade do material. Se for cromado, é importante saber quantos banhos de cromo foram dados no produto, pois é isso que garante a durabilidade da peça. Outra matéria-prima bastante utilizada é o aço inox, durável e de fácil manutenção.
Suíte integrada
Em projeto do escritório Denise Barretto Arquitetura, a suíte de um apartamento no Campo Belo, em São Paulo, tornou-se uma sala de banho. O espaço de 12 m² foi otimizado, integrando-se ao quarto do casal por uma grande abertura de vidro. Com paredes e pisos revestidos em mármore bronze Armani e pintura estuque do artista Mário de Angelis, o banheiro possui em sua área central um aparador, que serve de apoio para as cubas na cor branca. Na área de banho, dois chuveiros com cascata e banheira conferem um ar de spa ao ambiente. A área íntima é composta por vaso e ducha higiênica.
FICHA TÉCNICA
LOCAL São Paulo
ANO 2015
ARQUITETURA Denise Barreto Arquitetura
LOUÇAS E METAIS Deca
CHUVEIRO E DUCHA Deca
BANHEIRA Pretty Jet
MÁRMORE Quality Mármores
ARMÁRIOS Formaplás
PERSIANA Hunter Douglas
BOXE E ESPELHOS Amaral Vidros
Espaço de relaxamento
O espaço de 13 m² foi pensado como um cômodo para relaxar após um dia de trabalho. A bancada, ampla e com cadeira, faz o papel também de penteadeira. O espelho com iluminação led no centro auxilia em tarefas como maquiagem e penteado. A arquiteta apostou no mármore crema marfil para o piso, paredes e bancadas. A bancada é chumbada na parede e a cuba foi estruturada no próprio mármore. O trabalho de marcenaria ganhou acabamento de laca bege brilhante.
FICHA TÉCNICA
LOCAL Vitória
ANO 2015
ARQUITETURA Vivian Coser
MÁRMORE Pedra Vest
METAIS Hansgrohe
VASO SANITÁRIO Duravit
MARCENARIA Brumati
Retrofit
O escritório de Juliana Pippi foi contratado para dar nova vida a uma casa em Florianópolis. A estrutura original, da década de 1970, pouco foi mudada. Era necessário, no entanto, trocar mobiliários e revestimentos já desgastados pelo tempo. Foi o caso da suíte do casal, cujos revestimentos foram retirados e trocados por limestone Crema Catalunia. Os móveis de marcenaria foram feitos sob medida, e a iluminação do espaço foi reforçada por lâmpadas de led no espelho sobre a bancada. O teto original, de madeira, recebeu verniz antibactericida, que protege também da umidade.
FICHA TÉCNICA
LOCAL Florianópolis
ANO 2014
ÁREA 14 m²
ARQUITETURA Juliana Pippi
LOUÇAS E METAIS Deca
BOXE Casa com vidro
MARCENARIA HZ Móveis
CHUVEIRO E DUCHA Deca
LIMESTONE Pedecril
Estilo contemporâneo
A suíte master é parte de um tríplex de 700 m² na zona Sul de São Paulo, e segue o estilo contemporâneo dos demais ambientes. Cores sóbrias e revestimentos neutros se dividem entre a bancada, o espaço para banho com ducha, a área do sanitário e a hidromassagem. A bancada ampla e a iluminação natural atendem às necessidades da cliente, que usa o banheiro todos os dias para secar o cabelo e se maquiar. Outro pedido era que o espaço tivesse vista para o Parque Ibirapuera. Para que isso fosse atendido, os arquitetos instalaram a banheira próxima às portas de vidro que dão para a sacada. Uma persiana garante a privacidade dos moradores.
FICHA TÉCNICA
LOCAL São Paulo
ANO 2015
ÁREA 14 m²
ARQUITETURA Figoli-Ravecca Arquitetos Associados
BANHEIRA Equipágua
LUMINÁRIAS PuntoLuce
MÁRMORE Clodomar
MÓVEL Móveis da Casa
ESPELHO E BOX Avidra
ACESSÓRIOS Valvee
PERSIANA Arthur Decor
POR: LAURA DE ARAUJO